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Texto original em inglês: THE GORGON AND THE GUILDPACT
Postado em Magic Story em 12 de março de 2014

Jace aparecera em Ravnica já atrasado, a julgar pela velocidade com que um mensageiro o encontrou logo após sua chegada e pelo número de vezes que a mensagem usava a expressão “URGENTEMENTE”, que somava três. Lavínia, antes a corredora de labirinto dos Azorius, agora assessora e procuradora de Jace na Câmara do Pacto das Guildas, tinha essa tendência a usar advérbios quando Jace deixava seus deveres se acumularem.

O recentemente construído saguão da Câmara do Pacto das Guildas ecoava com o ruído distinto de cascos barulhentos. Esse não era um som que Jace costumava associar com o santuário do Pacto das Guildas Vivo. Ele correu para o salão principal de recepção, onde o corredor se abria para revelar uma multidão de minotauros vestida em armaduras de aço com o tabardo dos Boros e que mugia sem parar. Lavínia estava entre os queixosos, a única que não mugia nem batia os cascos no chão. Sua armadura Azorius cintilava com um brilho uniforme.

“Os Orzhov violaram nosso contrato de fronteira!”, rugiu o líder dos minotauros. “Eles estão coletando impostos nas terras da Legião!” Os outros minotauros bateram os cascos e mugiram em concordância.

“Sua guilda não realizou um requerimento oficial com esta seção”, disse Lavínia em tom neutro, que se perdeu no clamor que se seguiu em resposta. Ela agitou um pedaço de papel no ar como se fosse uma arma. “Depois de preenchido, seu pedido será devidamente considerado por esta Câmara.”

“Como eu posso ajudar?”, Jace perguntou enquanto entrava no salão.

Os minotauros imediatamente direcionaram seus mugidos para ele.



"Pacto das Guildas!", rugiram os minotauros. "O Sindicato mentiu sobre os termos de nosso acordo! Injustiça! Eles estão tentando romper nossa cúpula!"

Jace conjurou palavras diretamente nos pensamentos de Lavínia. ‘‘"Desculpe-me, estou atrasado. Foi por isso que você me chamou aqui?"‘‘

"Não", o pensamento de Lavínia veio em resposta. "Essa é uma disputa trivial. Eu posso lidar com eles. Há outro assunto que requer sua atenção."

Jace tentou aparentar um sorriso que imaginava ser acolhedor para os minotauros. “Seria um assassinato?”

"Por que diz isso?"

"Porque você está fazendo essa cara. A sua cara de ‘houve um assassinato’."

"Mais de um, na verdade. E eu tenho uma cara de ‘houve um assassinato’?"

"O que é essa cúpula de que eles estão falando?"

"Aurélia, a mestre de guilda dos Boros, receberá três outros líderes de guilda hoje à noite. A Legião está preocupada com a segurança, e os Orzhov não estão colaborando."

"Pacto das Guildas, qual é a sua decisão?", insistiram os minotauros.

Jace colocou-se diante do minotauro líder, uma cabeça mais baixo e com dois enormes chifres a menos. “Você deve preencher o requerimento exigido pela Representante Lavínia”, ele disse, recebendo um coro de escárnio em retorno. “Retornem à Morada do Sol e a representante cuidará disso de acordo com os procedimentos da Câmara.”

Jace segurou a respiração. Ele era a personificação do acordo entre as guildas de Ravnica, uma manifestação de estabilidade, mas era também um muito vivo e mortal saco de órgãos. Cada vez que exercia seu poder como Pacto das Guildas, ele experimentava tanto a sensação de autoridade grandiosa e mística, quando um sentimento não-tão-místico de que todos em Ravnica estavam prestes a pisotear uma série de vezes suas áreas gastrointestinais e faciais.

Ele respirou apenas quando o líder dos minotauros embainhou seu machado.




A Morada do Sol postava-se diante da janela da Câmara logo acima da linha do horizonte. Jace estudou uma folha com notas sobre a cena do crime. A causa da morte em todos os casos: petrificação.

Ele ergueu os olhos para Lavínia. “Nós temos certeza de que são vítimas? Alguém não poderia simplesmente... ter esculpido estátuas muito realistas? Muito rápido?”

Lavínia negou com a cabeça. “Não é provável. Foi confirmado que esses cidadãos estão desaparecidos. E os corpos petrificados foram todos encontrados na Praça Rozlad.”

“A zona dos Golgari. Perto dos túneis de Petreovila.”

“Mas não dentro deles. As estátuas estavam expostas em área aberta. À vista. E não é tudo.”

“Não me diga. O assassino organizou os corpos para formarem o símbolo dos Golgari.” Jace bateu com os dedos. “Não! Ele os arranjou para que formassem o nome do próprio assassino. A partir das formas de suas vítimas aterrorizadas.”

“Chegou perto.”

"Oh?"

"Eles formam o seu nome."

"... Oh."

Lavínia assentiu.

"Oh." Jace respirou fundo. Ele realmente precisava arranjar uma mesa, com uma grande cadeira de couro em que ele pudesse se afundar em momentos como esse. “Bem. Tudo bem.”



"Nós achamos que a conexão com você não é pública, por enquanto. Alguns dos meus oficiais cobriram as vítimas e moveram os corpos para outro lugar. E nós não contamos às famílias sobre a mensagem que eles formam.”

“Eu acho que é uma sábia decisão.”

“Por outro lado, as letras formadas são muito evidentes. Nós não conseguimos exatamente reposicionar seus membros sem danificá-los.”

“Havia mais alguma coisa na cena? Alguma outra mensagem?”

“Como o quê?”

“Um horário. Um endereço.”

“Nós não achamos nada desse tipo.”

“Havia alguma conexão entre as vítimas? Alguma coisa em comum?”

“Elas eram de lugares diferentes. O assassino deve tê-las transportado de múltiplos distritos.”

Jace procurou na lista de detalhes, sem nem mesmo saber o que esperava encontrar. Não parecia haver nenhuma conexão. Mas conforme seus olhos correram pela página, um calafrio afundou em seu estômago. “Estes são nomes, certo?”

“São os nomes das vítimas. Tanto quanto sabemos.”

“Linna Stradek. Shann Dilara. Haszin Dycar.”

“Qual é o problema? Você os conhecia?”

“Não exatamente. Lavínia, eu preciso visitar a cena imediatamente.”

Ela assentiu e marchou pela porta. “Eu vou chamar alguns magos legistas para lhe acompanharem.”

Jace a impediu de concluir. “Não. Não dessa vez. Tire todos os seus oficiais e magos legistas da Praça Rozlad. Eu vou sozinho.”

Lavínia franziu as sobrancelhas. “Direto para a armadilha do assassino? Eu não permitirei isso. Nem o permitiria um farrapo de lógica.”

“Não discuta. Apenas mantenha todos longe do local até que eu diga o contrário. Vá para a Morada do Sol. Tranquilize os Boros.”

Ela apontou para o próprio rosto. “Você sabe que cara eu estou fazendo agora? É uma nova. Esta é minha cara de 'eu estou considerando executar o SEU assassinato'.”

“Para falar a verdade, eu já conhecia essa. Mas confie em mim. Mantenha todos longe de lá e vá para a cúpula. Por favor."

Os nomes das vítimas significavam algo para Jace embora nunca pudessem significar nada para Lavínia, nem para qualquer outro cidadão de Ravnica preso ao plano. Linna Stradek. Shann Dilara. Haszin Dycar.

Innistrad. Shandalar. Zendikar.




A Praça Rozlad estava escura e silenciosa, suas paredes cobertas de fungos e líquens. Ela havia sido esvaziada dos oficiais de Lavínia, mas não estava abandonada. Em seu centro encontrava-se uma figura com um casaco verde-jade, sua face escondida por um capuz. Possivelmente humana, julgando-se pela silhueta. E ela certamente estava lá para ver Jace.

Apenas um Planeswalker saberia o nome de todos aqueles mundos. E apenas um Planeswalker que soubesse que Jace ‘‘era’‘ um Planeswalker o teria como alvo ao selecionar vítimas com aqueles nomes. Quem quer que tivesse petrificado aqueles corpos sabia muito sobre o que Jace Beleren havia tentado manter em sigilo.

“Fico satisfeita que tenha entendido minha mensagem”, disse a mulher.

“Você tem minha atenção”, disse Jace. “Eu estou sozinho. Então vamos evitar colocar outros ravnicanos no meio disso.”

“Ah, eu mandei meus compatriotas embora.” A mulher puxou o capuz com uma mão e mostrou uma longa adaga com a outra. Ela era humana, magra e de olhos escuros, com um colar de espinhos sob o manto. “Então somos só nós dois. Por que você não chega mais perto?”



Jace franziu a testa, mas se aproximou um passo. “Eu não estou armado. Não quero mais ninguém ferido. Eu quero apenas conversar. Mas não acho que seja isso o que você quer. Você se importa se eu ler sua mente?”

Jace focou sua mente, preparando o feitiço para alcançar os pensamentos da mulher à sua frente. Mas antes que pudesse penetrar em sua mente, a mulher enrijeceu. Um grito morreu em sua garganta antes que a petrificação de alastrasse por seu corpo e cobrisse sua forma. Ela tornou-se uma estátua de pedra diante de seus olhos, um objeto sem vida.

“Você já ‘‘me’‘ leu, Jace Beleren?”, uma voz feminina diferente veio de trás dele.

Jace virou-se para olhar ao redor e imediatamente desviou os olhos. Diante dele estava uma górgona. Seu cabelo, formado por inúmeras gavinhas que mais pareciam cobras, ondulava ao redor de sua cabeça. Seus olhos brilharam como lanternas na escuridão, mas aparentemente não tinham mirado nele. Jace verificou que ainda podia mover-se e respirar.

“Vraska”, ele disse. “Não, eu não li.”

“Mas você ouviu sobre mim.”

“Eu não sabia que você era uma Planeswalker. Mas já ouvi seu nome.”

“Parece que eu tenho Jace Beleren em desvantagem de informações, então. Como você se sente?”, ela perguntou, movendo-se pela praça ao redor dele. “Você já deduziu por que está aqui?”

“Eu suspeito que você tenha me trazido até aqui porque queria me mostrar algo”, disse Jace, piscando para o chão, tentando resistir ao impulso de segui-la com os olhos. “Eu só espero que não tenha sido para me mostrar esse seu olhar.”

“Não, não, não. Eu quero que você ‘‘me’‘ mostre algo, Beleren. Eu arranjei essa visita porque quero que nos prove o que há dentro de você. Mostre-nos se será nosso aliado. Um aliado de Ravnica.”

“Assassinar ravnicanos é um jeito estranho de ser aliado de Ravnica”, Jace disse aos paralelepípedos do chão.

“Assim como roubar o controle do Pacto das Guildas!”, Vraska rebateu. As gavinhas de seu cabelo serpentearam e enrolaram-se freneticamente, e aos poucos se acalmaram novamente. “Este não é o seu plano. E mesmo assim você demonstra grande interesse nele.”



“Eu estou apenas tentando evitar que as guildas destruam umas às outras. Esta responsabilidade recaiu sobre os meus ombros, e eu a levo muito a sério. Eu devo assumir que você não me trouxe aqui para oferecer sua ajuda.”

“Então o que eu quero?”

Jace considerou a pergunta. “Me destruir.”

“Por que eu iria querer isso?”

“Para... tomar o meu lugar.” Ele não sabia se mais alguém poderia virar o Pacto das Guildas Vivo depois dele. Mas ele sabia que, se não houvesse um, isso certamente deixaria as portas abertas para uma górgona ambiciosa. “Não. Você quer dominar Ravnica.”

“Tê-lo morto convenientemente retiraria muitas de minhas restrições. Você e sua trapaça colossal me impuseram limites artificiais. Então, sim”, ela disse casualmente. “Eu estou pronta para matar você.”

Vraska moveu-se e olhou Jace diretamente nos olhos. Seus cachos ondularam e seus olhos brilharam, iluminando a forma de Jace e a praça ao redor.

Ao invés de se transformar em pedra, Jace evaporou. Ou ao menos foi o que aconteceu com a imagem dele.

“Podemos dispensar as ilusões, então?”, Vraska falou alto para o ar ao redor.

Jace apareceu de trás de uma coluna. “Desde que você mande embora Milada, Kobrev, Zdenya e Dibor.”

Vraska lançou-lhe um sorriso afetado.

“Quatro assassinos, mais aquela que você mesma matou”, Jace disse. “Eu agradeço o elogio. Mas acho que você é mais do que capaz de me matar sozinha.”

Vraska fez um sinal em direção aos cantos da praça. Sombras moveram-se perto das paredes quando as figuras escondidas se afastaram. Jace sentiu suas mentes se distanciarem.

“Obrigado. Você vai me matar agora?”, Jace perguntou, agora realmente desviando o olhar.

Vraska balançou a cabeça em desaprovação. “Pense. Este não é o cenário ideal para mim, não é mesmo?”

“Provavelmente não. A aplicação mágica do Pacto das Guildas pode ser usada a seu favor. Especialmente se esse Pacto das Guildas calhar de ser uma pessoa.”

“Correto.”

“Então você quer me manter como Pacto das Guildas e me manipular. Controlar minhas decisões a seu favor. Eu presumo que você tenha algo que lhe dê poder sobre mim. Alguma forma de chantagem?”

Os cachos de Vraska agitaram-se ao redor do rosto. Jace captou um sorriso. “Diga-me, você sabe o nome de todos os assassinos que atualmente rodeiam a casa de Emmara Tandris?”

O semblante de Jace adquiriu um ar sombrio. “A pessoa que parece viver na casa de Emmara é uma de minhas ilusões”, ele disse com cuidado. “Emmara foi levada a um local seguro. Toda sua casa é uma armadilha bem elaborada. Seus assassinos serão presos assim que atacarem.”



"Provavelmente um blefe”, disse Vraska. Ela moveu-se em um semicírculo observando Jace até que estivesse atrás dele. “Mas um blefe razoável. Isso não importa mesmo. O que realmente vai acontecer é que eu vou colocar em perigo muitas, muitas coisas com as quais você se importa. E então você consentirá em trabalhar comigo.”

“Isso não vai acontecer.”

“Ah, mas eu posso deixar as situações muito desconfortáveis para você. Imagine as manchetes. ‘Pacto das Guildas Vivo Incapaz de Impedir Assassinatos por Petrificação!’ ‘Mais Dez Estátuas Deixadas na Soleira da Câmara do Pacto das Guildas!’ Sem mencionar os representantes das guildas realmente muito, muito irritados que eu farei invadirem seus aposentos.”

“Desista disso agora. Volte para o submundo. Se você não atrapalhar, eu posso lidar discretamente com esse caso. E com Lavínia.”

“Torne-se meu assistente, e você não terá que lidar com ela novamente. Qualquer pessoa que fique no meu caminho conhecerá seu merecido destino.”

“Eu já disse não. Ravnica está sob minha proteção.”

Vraska sibilou, subitamente perto dele, e Jace sentiu um cacho tocar sua orelha. “Que sorte a de Ravnica”, ela rosnou. “Você vai protegê-la do mesmo modo que protegeu Kallist? Ou Kavin?” Ela certamente tinha pesquisado seu passado a fundo. Ele se perguntou o que mais ela poderia ter descoberto sobre sua vida, e quais seriam suas fontes. “E, por que não, assim como Garruk Falabravo?”

“Eu cometi erros, sim. Mas eu decidi usar minha posição para reparar... Espere, o que tem Garruk?”

Vraska reprimiu uma risada. “Você não sabe o que aconteceu com ele, não é mesmo?” “Por quê? O que aconteceu?”

“Não importa. Eu tenho certeza de que você falhou com ele também. Você é uma praga, Beleren. Um flagelo para todos aqueles que diz proteger. Declarar sua lealdade a mim será seu primeiro favor a este mundo.”

Um cacho enrolou-se no pescoço de Jace. Ele o segurou e tentou puxá-lo, mas Vraska era forte, e seu cabelo envolveu todo o rosto de Jace. Ele sentiu que não conseguia respirar enquanto os cachos serpenteavam para apertá-lo mais e mais.

Jace invadiu a mente de Vraska, e imediatamente desejou que não o tivesse feito. Seus pensamentos envolviam centenas de maneiras de matá-lo ou fazê-lo sofrer. Ele viu a si mesmo ser asfixiado até a morte. Jogado de uma ponte em um saco. Jogado na imundície dos túneis subterrâneos por mãos sujas cheias de garras. Paralisado e forçado a assistir cobras subindo por suas roupas, enquanto sentia suas presas pontudas como agulhas afundarem-se nele. A criatividade dela não tinha limites.

Jace precisava ir mais fundo, mas também precisava respirar. Ele conjurou um feitiço.

Vraska não ficou impressionada com a primeira ilusão de outro Jace a atacando. Bastou um ataque simples e ele se dissipou instantaneamente. Mas o próximo Jace precipitou-se sobre ela com rapidez suficiente para atingir sua bochecha com mãos afiadas como adagas. Ela sibilou e usou as garras para se livrar da imagem. Mas a seguinte veio ainda mais rápida, e a outra correu para ela a partir da direção oposta.

Jace sentiu o aperto da górgona enfraquecer enquanto jogava imagem após imagem de si mesmo sobre ela. Conforme os Jaces atacavam, eles se transformavam. Suas mãos tornaram-se garras. Seus cabelos viraram cobras. Seus olhos brilhavam com uma luz sinistra. Eles sibilavam enquanto emergiam das sombras de todas as direções, cercando Vraska em uma horda dos pesadelos.

Vraska não podia lutar contra todas as ilusões. Ela começou a atingi-las com seu olhar. E elas continuaram indo na direção dela, uma a uma, transformadas em pedra conforme ela usava sua petrificação.

Conforme as estátuas de pedra se multiplicaram, elas se tornaram uma jaula. Ela estava encurralada por dúzias de efígies de Jace. Ele esperava que elas fossem reais o suficiente para que ela se sentisse presa, ao menos por um momento.

Vraska agarrou o verdadeiro Jace com suas garras. Mais uma vez, ela apertou seu pescoço. “Tire-as daqui”, Vraska sussurou, e mais uma vez ele não conseguia respirar.

E então os lábios das estátuas começaram a se mover.

“Você venceu”, elas disseram em uníssono, com a voz de Jace.



“Suma com elas.” Ela falou como se rosnasse, mas havia uma ponta de hesitação em sua voz.

As estátuas se afastaram um pouco, mas ela ainda estava presa por suas formas de pedra. “Jace irá ajudá-la.”, elas disseram. “Mas ele precisa saber qual é o plano antes.”

“Você fará o que eu lhe disser, quando eu disser, Beleren.”

“Mate-o, e ele não poderá influenciar as guildas para você”, as estátuas ressoaram. “Ele precisa saber se você será uma parceira digna. Se você é esperta o bastante. Diga-nos. Como você pretende tomar o controle desta cidade?”

Vraska prensou-o por um momento, pressionando todo o sangue da cabeça de Jace. Mas seu aperto relaxou novamente. “Com a sua ajuda, eu neutralizarei todos os magos de guilda. Tirarei o poder deles ao fazê-lo retraçar todos os limites dos territórios, rompendo com suas conexões de mana. Suprimirei seu poder ofensivo ao eliminar aqueles capazes de conjurar magias. Então, um a um, eu assassinarei os líderes de guilda.”

“Você, Vraska, assassinará todos os líderes de guilda?”

“Eu nasci para matar”, ela disse. “E muitos nas sombras obedecem a mim.”

“Obrigado”, disseram as estátuas. Então todas inclinaram as cabeças. “Vocês ouviram tudo isso?”, cantaram elas.

Vraska olhou ao redor para cada uma delas. “O quê?”

Por um momento, os olhos das estátuas brilharam, banhando Vraska em uma luz estroboscópica ofuscante. Ela colocou uma mão sobre o rosto para se proteger do clarão.

“Há uma cúpula com muitos líderes de guilda ocorrendo na Morada do Sol nesta noite.”, zumbiram as estátuas de Jace. “Suas colocações foram transmitidas a todos que compareceram.”

Vraska rosnou. “Não há mais acordo, Beleren”, ela disse. “Agora você morre.” Ela apertou o pescoço que estava entre suas garras e o esmagou.

Ela se quebrou em diversos pedaços de pedra.

Ela olhou para baixo, e ao invés de se deparar com o rosto morto de Jace, viu que estava segurando a forma petrificada de sua própria assassina – a mulher que havia matado antes. Ele tinha trocado de lugar com ela em algum momento.

Vraska uivou de fúria. Ela virou-se e atirou-se com as garras para cortar a jaula de Jaces. Ao invés de se quebrarem ou de se dissiparem no ar, elas se aproximaram ainda mais. Ainda mais cobras saíram de suas cabeças, de seus olhos, de seus dedos, e apertaram-se ao redor dela. Elas agarraram seus pulsos e de enrolaram em seus cachos.

Com um guincho, ela lançou sobre todas elas um jato de seus olhos. Então respirou fundo, fechou os olhos, e transplanou.




“Eu não sei como você fez isso”, disse Lavínia, de volta à Câmara do Pacto das Guildas. “Mas lá estava ela, flutuando no meio da Morada do Sol, contando seus planos para todos na cúpula. Uma confissão remota. Mas como podemos saber que ela não vai voltar?”

“Ela ficará quieta por um tempo”, disse Jace, ao mesmo tempo que massageava os nervos do pescoço. “Isso deverá nos dar algum tempo, eu espero.”

“Você não poderia simplesmente ter acabado com ela? Ou dado um comando para parar?”

Jace balançou a cabeça. “Eu mal tive presença de espírito suficiente para distrai-la e distorcer sua percepção. Ela certamente não me deu uma abertura para destruir sua mente – ela resistiu a cada uma de minhas ações.”

“Ao menos as guildas estão atentas a ela agora”, disse Lavínia. “Os Boros querem revirar a cidade subterrânea. Eles parecem quase felizes demais com esses eventos.”

Ele olhou pela janela. As luzes da rua iluminavam os paralelepípedos abaixo e as espirais da cidade acima. A linha do horizonte lembrava as gigantescas montanhas de Zendikar. “Tenho certeza de que você e Isperia poderão guiá-los.”



Lavínia o estudou. “Você está com essa cara. A sua cara de ‘eu ficarei fora por uns tempos e não me pergunte onde eu estarei’.”

“Serão apenas alguns dias.”

“Você deveria ficar. Haverá decisões a tomar. Garantias.”

Ele colocou o manto sobre os ombros. “Espera-se que o Pacto das Guildas mantenha as pessoas a salvo”, ele murmurou. “Mas eu apenas atraí mais perigos ‘‘‘E’‘‘ eu acho que aconteceu algo com Garruk.”

“Quem?”

“Alguém com quem eu talvez ainda não tenha falhado.”



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